Max (Pete Davidson) é um adulto problemático que vive como se não tivesse nada a perder. Despreocupado com as consequências de suas ações impulsivas, é pego após um delito e para pagar por ele terá de trabalhar numa casa de repouso. Ele deve cuidar da limpeza, ajudar a lidar com os residentes e está proibido de acessar o quarto andar. E adivinha?
Enquanto se adapta ao trabalho, Max começa a suspeitar dos residentes e dos funcionários, pois as estranhezas de comportamento só aumentam. Cenas com olhares cruzados, cochichos, gritos e falas desconexas criam um desconforto validado pelo medo da velhice.
Os clichês utilizando a terceira idade são saturados. O exagero, a repulsa, a debilidade como sinônimos de ser velho, além de etarista, aqui não funciona mais tão bem como estratégia de roteiro apesar do contexto e local em que o filme toma forma. Seus dois primeiros atos acabam por se arrastar num apego de repetição de elementos que deixam a sensação de que já vimos esse filme diversas vezes.
Apesar dos flashbacks e pesadelos nos trazer um pouco mais de informação sobre o protagonista, Max parece se esforçar demais para preencher tanto o espaço de desenvolvimento quanto dos outros clichês em que se encaixa. Brilhando apenas no último ato, que também compensa (mas não o suficiente) pelo resto do longa.
Ato final esse que conta com uma boa surpresa, uma boa mudança de ritmo e uma finalização. Uma pena demorar-se a chegar lá, juntar os pontos e amarrar elementos da ambientação. Mesmo com uma construção emperrada, é quase ao fim que ficamos interessados e presos ao que está acontecendo.
James DeMonaco é responsável pela direção da maior parte da franquia The Purge e aqui também co-roteiriza o longa com Adam Cantor. Esta é a primeira obra inteiramente mergulhada no horror em comparação à filmografia de DeMonaco. Há um certo potencial criativo, porém a repetição exaustivas de clichês apagam uma possível qualidade que poderia existir.
Qualidade que também é ainda mais ofuscada pela atuação mediana de Pete Davidson. Acostumado com comédias, infelizmente não entrega muita coisa nesse papel mais sério, dramático e sem piadinhas escrachadas. Sua reação parece ser a mesma em qualquer contexto, horror, alegria ou tristeza que seu personagem esteja vivenciando. O resto do elenco, apesar de nomes conhecidos, brilha pouco devido à escassa oportunidade de tempo em tela.
Também há uma exaustão de como a velhice é explorada nos filmes de horror. Realidades e contextos diversos existem. Socialmente sabemos que quase não há estrutura cultural e econômica para inclusão da terceira idade, como se apenas duas coisas nos aguardassem quando envelhecemos: a casa de repouso ou a morte. A negação e a demonização do envelhecimento são ainda mais exacerbadas aqui colocando a juventude como a única saída possível. A única capaz de existir e resistir. E mesmo que um filme não precise ser crítico o tempo todo para todas as questões, ainda assim é de bom tom não ofender perpetuando estereótipos que já não fazem mais sentido.
Mesmo que o ritmo não ajude, o filme ainda pode servir de entretenimento à quem precisar assistir algo sem maiores expectativas para passar o tempo. Uma bagunça que não te conecta empaticamente com o protagonista, assim como tantos elementos de estranheza que só estão ali para isso… dizer que algo é estranho mas sem necessariamente explorar, apenas para dizer que é horror.
The Home não passa de um pôster interessante para cumprir sua função de marketing. O filme fez sua estreia em julho de 2025 nos EUA e não há data para sua chegada ao Brasil. E isso pode ser um presente pra nós. Para os fãs de horror, talvez se poupar desses 95 minutos, seja realmente um lucro.
Nome: The Home
Direção: James DeMonaco
Roteiro: James DeMonaco, Adam Cantor
Elenco: Pete Davidson, John Glover, Mugga, Adam Cantor, Bruce Altman, Denise Burse, Stuart Rudin
Ano de Lançamento: 2025