NatRecomeçar é difícil por si, mas podem aparecer pessoas em nossas vidas dispostas a fazer tudo ainda pior. Allie (Bridget Fonda) descobre que estava sendo traída pelo seu noivo e decide terminar a relação, expulsando-o de seu apartamento. Para ajudar nas constas, ela decide colocar um anúncio à procura de uma colega de quarto. E logo se identifica e fecha uma parceria com Hedy (Jennifer Jason Leigh).
Esse vínculo evolui rápido e começa ultrapassar limites de uma amizade saudável. Hedy sabe todos os passos, horários e rotina de Allie e tenta ser inserida como companhia de todos os seus afazeres. Hedy passa a ter um guarda-roupa muito parecido com o de Allie, corta e tinge seu cabelo para ficarem iguais. 
A faísca para tudo cair ladeira abaixo, é quando Allie aceita seu ex de volta. Ele passa a frequentar o apartamento novamente e Hedy já não é mais tão incluída em convites, saideiras ou uma simples ida ao mercado. Quando a vida de Allie desmoronava de todos os lados, Hedy colocou-se nesse papel de suporte incondicional. Ao não receber isso de volta da colega, a dinâmica entre elas toma outro rumo.
Para um slasher com uma psicopata mulher, o que parecia interessante é transformado em tédio e um roteiro preguiçoso. A motivação é ridícula. A demora e a construção da tensão, chegam a causar sono. Personagens banais que sempre deixam um gostinho de quero mais, mas na cena seguinte caminham dois passos para trás. Nem o gostinho de uma tensão homoerótica nos é jogado como isca para nos manter interessados até o final. Que definitivamente é um dos finais abruptos já feitos.
Quase inteiro ambientado no apartamento, tem um ritmo tão lento que mal parece um pseudo-slasher. Personagens tão contra-intuitivas e burras como protagonistas só poderiam ter sido escritas por um homem. Que em certo momento, já não bastasse todo o resto, também tenta apelar para a rivalidade feminina com uma tentativa de “vou roubar o seu homem”.
Entrando no boom de “filmes com psicopatas invadindo as residências” nos anos 90, parece uma tentativa de manter o diretor Barbet Shroeder ainda no radar pós sua indicação ao Oscar de melhor diretor no ano anterior por Reversal of Fortune. Infelizmente Mulher Solteira Procura é extremamente problemático e um desserviço em muitos aspectos. Se você ver esse filme em qualquer lista associada ao feminismo… desconfie com vigor. Mesmo que o filme tenha gerado borburinho na época e tornou-se referência na cultura pop de diversas maneiras.
Single White Female é uma aula sobre como não escrever personagens mulheres. Ou um slasher. Ou qualquer outro tópico a se evitar. O filme foi lançado em 1992 e pode ser uma ótima pedida para você embalar num cochilo. Ou só apreciar a atuação sempre afiada de Jennifer Jason Leigh, que é ótima mas não fez milagre sozinha nessa pérola noventista.
Nome: Single White Female
Direção: Barbet Shroeder
Roteiro: Don Roos
Elenco: Bridget Fonda, Jennifer Jason Leigh, Steven Weber, Peter Friedman, Stephen Tobolowsky
Ano de Lançamento: 1992