Um casal recebe uma ligação desesperada de sua filha. Ela sofreu um acidente e acredita ter atropelado alguém. Ambos entram no carro e tentam mantê-la na ligação enquanto estão a caminho para ajudá-la.

O filme é ambientado 90% do tempo dentro do carro, apenas através dessa ligação (por voz) e olhares desesperados estrada à frente. Maddie (Rosamund Pike) é uma paramédica que tenta dar o máximo de instruções práticas. Já Frank (Matthew Rhys) torna-se a voz do acolhimento e da proteção.Official Trailer

O que sabemos de Alice (Megan McDonnell), é que tinha saído brigada com os pais e dirigindo para seu dormitório da faculdade. Sua ligação é quatro horas depois e o local do acidente, uma grande floresta no meio do nada. E seus pais estão basicamente a uma hora de distância.

Babak Anvari parece pender para temas como o drama familiar e lendas. Apesar de não explícito, temos um filme que sustenta apenas na atmosfera de tensão crescente com nenhum apelo visual. O primeiro ato é ótimo em nos conectar com a situação e os personagens, suas dicotomias nos fazem ansiar por Frank pesar o pé no acelerador. Já o segundo ato patina em diálogos que por vezes funcionam e por outras não, se arrastando um pouco. E o terceiro apesar da promessa, pouco cumpre.

Alguns clichês de dinâmicas familiares são passáveis para reforçar no quê o diretor quer que prestamos atenção, a diferença entre as personagens. Mas existem momentos em que as atuações via ligação parecem deslocados e até fora do tom. O “plot twist” pode dividir o público, tanto em sua função como seu desenvolvimento (ou a falta dele).

Rosamund Pike e Matthew Rhys são mestres no que fazem no quesito atuação e é ótimo assisti-los numa dinâmica de personalidades contraditórias. Talvez pelo cenário claustrofóbico, único e constante possa deixar esse potencial um pouco contido. Uma mãe calculista e racional deixa claro quem é o pivô do poder familiar. Já o pai emotivo e passivo, traz um balanço de que as coisas se tornam ainda mais complicadas quando nos inclinamos de um extremo para o outro principalmente em situações de crise.Hallow Road - Film Review and Listings

Crise na qual pode parecer abafada devido ao uso de cores frias e azuladas, e o tempo esparso da viagem si. Algumas decisões narrativas podem quebrar o ritmo e até a conexão com a personagem da filha. Apesar das decisões de uma adolescente totalmente identificável, acaba tornando um pouco difícil o público se conectar devido acontecimentos específicos que seriam spoiler aqui.

Existe uma coragem e ousadia em depender exclusivamente de diálogos para manter e criar tensões, principalmente para um thriller psicológico de cenário único. O que infelizmente falha com escolhas questionáveis das personagens. Torcemos tanto para que cheguem logo ao destino que ficou difícil “aproveitar a viagem”. Cuidado ao assistir esse filme nas madrugadas desertas, você pode cochilar no sofá ao invés do volante. Ou talvez suas perguntas e mistérios pode te fazer buscar “finais explicados” após finalizar.

Aos fãs de filmes com estradas vazias na madrugada, viagens de carro, tensão familiar e minimalismo, ainda vale a pena conferir. Anvari divide os espectadores mas sempre defendemos sua ousadia por tentar fazer diferente com elementos conhecidos. O filme fez sua estreia em março de 2025.

Hallow Road (2025) - IMDb

Nome: Hallow Road
Direção: Babak Anvari
Roteiro: William Gillies
Elenco: Rosamund Pike, Matthew Rhys, Megan McDonnell
Ano de Lançamento: 2025

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