Uma mulher recém saída de uma institucionalização, se muda para uma casa no campo, próxima à uma pequena cidadezinha. Jessica (Zohra Lampert) passa a ouvir vozes e presenciar eventos estranhos, desconfiando que algo muito pior esteja a espreita de acontecer.
Ela mesma desconfia das coisas que vê e seu alívio é palpável quando consegue confirmações externas do seu marido “eu também vi, eu também ouvi”. Com a saúde mental por uma linha tênue também questionamos se é real ou tudo parte da mente de Jéssica. Será que a moça que divide a casa é realmente muito parecida com a da foto da família que se afogou muitos anos atrás ou é só uma mente perturbada que vê conexões não existentes entre fatores aleatórios?
A atmosfera da estranheza está em todos os cenários. No lago e “floresta” ao redor. Na pequena cidade e seus habitantes. No próprio marido que parece se distanciar aos poucos dela. Tudo isso mostrado de uma maneira bem contida que combina muito com o estado mental da protagonista.
Zohra Lampert tem uma entrega inigualável como Jéssica. E é a qualidade de sua atuação que traz todas as nuances necessárias para interligar a parte dramática e psicológica que nos atrai a protagonista. Que faz com que duvidamos e acreditamos ao mesmo tempo no seu ponto de vista dos acontecimentos.
Todos os elementos técnicos ressoam com a proposta: as cores, efeitos sonoros e trilha, tudo numa combinação bem característica de filmes de terror dos anos 70. Seu ritmo varia conforme a narrativa, sem atrapalhar o mistério e a tensão. O próprio questionamento principal demora a ser revelado e após juntarmos as peças, torna-se surpreendente mesmo com pouco.
E num geral parece mesmo que é limitado em muitas coisas. Não faz milagre e nem tenta ser grandioso ou ilusório para quem vê, Em suas limitações consegue “se virar” bem. Sem muito sucesso na época, veio tornar-se um clássico cult décadas depois. Hoje ainda divide opiniões, mas com certeza vale a pena ser conferido.
É um ótimo thriller psicológico onde o sobrenatural é o de menos. O que mais assusta Jéssica é o medo do medo. De se perder mais uma vez. De que nada é real. De que será abandonada ou completamente desacreditada.
Uma obra de qualidade, esquecida no churrasco, Let’s Scare Jessica to Death tem mais do que um nome marcante. O filme foi lançado em 1971 e é dirigido por John D. Hancock.
Nome: Let’s Scare Jessica to Death
Direção: John D. Hancock
Roteiro: Norman Jonas, Ralph Rose
Elenco: Zohra Lampert, Barton Heyman, Kevin O’Connor, Gretchen Corbett, Alan Manson, Mariclare Costello
Ano de Lançamento: 1971