Em anos recentes, o conceito de multiverso começou a aparecer bastante no cinema, em produções que vão de grandes blockbusters de super-heróis até filmes independentes, com destaque para Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo. E é de um filme independente que quero falar nesse texto, mas um que traz um multiverso com um pé mais firme na realidade e sem mirabolâncias.

Escrito e dirigido pelos irmãos Kevin e Matthew McManus, Redux Redux conta a história de Irene Kelly (Michaela McManus), uma mãe que teve a filha sequestrada e assassinada há muitos anos e que usa uma máquina – que se assemelha muito a um caixão retrofuturista – para viajar por todos os multiversos possíveis e matar o algoz de sua filha, Neville (Jeremy Holm). O filme começa com uma cena impactante de Irene olhando para um Neville amarrado a uma cadeira em chamas, apenas a primeira vingança que iremos testemunhar, já que a mulher usa qualquer arma possível para dar cabo do homem.

Redux Redux poderia ser uma repetição do ato de Irene, que já perdeu as contas de quantas vezes matou Neville, mas não demora a se tornar muito mais que isso. Em uma de suas viagens, ela entra na casa de Neville e encontra Mia (Stella Marcus), outra adolescente sequestrada, mas ainda viva. As duas fogem juntas, e toda a previsibilidade da rotina de Irene é quebrada com a chegada da garota, que passou a vida pulando de um lar temporário a outro e que agora teima em acompanhar Irene em sua tarefa.

Redux redux (2025) 2

O elemento de ficção científica é um pano de fundo nessa história. De onde veio a máquina de Irene? Como ela funciona? Nada disso importa, portanto não espere explicações científicas. O que recebemos de esclarecimentos são apenas aqueles que dizem respeito à jornada de Irene, dados em diálogos que acontecem naturalmente, sem serem excessivamente expositivos.

O roteiro se concentra mais em temas como luto e perda de identidade. Como a própria protagonista explica, sua vida agora se resume a um pesadelo recorrente, a uma caçada interminável por tantos universos que ela já perdeu a conta, cada um deles trazendo diferenças bastante sutis, mas que mudam o suficiente para, em certos momentos, fazerem com que Irene se arrisque até o limite. Ela não sabe mais quem é, não tem um propósito que não a vingança, e Mia chega para chacoalhar tudo isso, fazendo Irene despertar novamente para o que mais importa.

Além da relação entre Irene e Mia, é interessante reparar em outras mulheres que cruzam o caminho delas nessa história, como Darla, a motorista de caminhão que dá carona a Mia (a garota esperou de propósito por um veículo dirigido por uma mulher), e Billie, uma picareta a quem Irene precisa recorrer quando uma peça da máquina quebra. Seja para ajudar ou atrapalhar, são personagens que passam pouco tempo na trama, mas que não deixam de ser completas e de marcarem as protagonistas de alguma forma. Isso é especialmente notável quando pensamos que se trata de um roteiro escrito por dois homens, algo que nem sempre funciona tão bem.

Atualmente na programação do Fantasia Film Festival, Redux Redux é uma mistura de gêneros (sci-fi, drama e até um pezinho no slasher) com um resultado sensível, que deve assustar e emocionar na mesma proporção.

Nome: Redux Redux
Direção: Kevin McManus, Matthew McManus
Roteiro: Kevin McManus, Matthew McManus
Elenco: Michaela McManus, Stella Marcus, Jeremy Holm, Jim Cummings, Taylor Misiak, Dendrie Taylor
Ano de Lançamento: 2025

Redux redux (2025)

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