NatUma nova pandemia surge no horizonte mas dessa vez, há um grupo específico afetado mundialmente: os mais ricos e influentes. De ordem decrescente a partir dos mais bilionários pra baixo, será que o mundo está pronto para lidar com essa mudança radical e progressiva?
Num futuro distópico (porém mais realista possível) o abismo da desigualdade social é ainda maior. Sem maiores doenças, agora o mundo está superpopuloso e isso é resolvido por um algoritmo que decide quem é mais útil pra sociedade ou não. Com a chegada do vírus misterioso que só afeta os ricos, começa a crítica social sobre o questionamento da estrutura de poder.
Os ricos então passam a tentar se livrar de todo seu dinheiro e bens em prol da própria sobrevivência. E é isso que nossa protagonista Laura Palmer (Mary Elizabeth Winstead) está correndo contra o tempo. De “mas eu não sou tão rica assim” como outras piadas ácidas, ela terá que abrir mão de seu estilo de vida de executiva hollywoodiana para salvar a si e aparentemente, sua família.
Com alegorias e cenas escrachadas, o roteiro muda de tom e ritmo, deixando sua crítica como objetivo principal, enfraquecida pelo caminho. Agora os ricos são vítimas do próprio sistema. Logo eles terão de sobreviver como refugiados. O desespero de Laura ao ver o perigo se aproximando mostra que além de privilégios, temos a questão do caráter em situações que são tão jogadas e mal resolvidas que parecem ser preguiçosos meios para um fim.
Galder Gaztelu-Urrutia também dirigiu o famoso filme de horror crítica-social “O Poço”. Aqui ele apesar da crítica ser por um outro ponto de vista, só pareceu uma boa idéia com roteiro ruim e maior orçamento. As metades do filme quase não se conversam ou se conectam. O que parecia interessante no início torna-se apenas algo maçante e sem conexão com o público.
Infelizmente nada se sustenta: o roteiro, a crítica e até a argumentação Ter um elenco renomado e um investimento maior não salvam ou melhoram a qualidade de uma crítica que tinha tudo pra dar certo. Sua provocação é tão morna que o espectador não sente nenhum impacto. E afinal de contas, dá pra sentir empatia por bilionário? Pelo andar desse roteiro, o filme prova que não.
O filme teve reações negativas do público em diversas exibições e festivais. As cenas ridículas e fora do tom, contribuíram para diversos comentários voltando ao ponto que tenta ser tão mais esperto do que é, que acaba ofendendo o espectador em momentos específicos.
La Fiebre de los Ricos é um filme espanhol totalmente filmado em inglês, que fez sua estreia em outubro de 2024. Se você precisa de um lembrete de que é mais fácil chegar o fim do mundo do que o fim do capitalismo, então dê uma chance a este longa.
Nome: La Fiebre de los Ricos
Direção: Galder Gaztelu-Urrutia
Roteiro: Galder Gaztelu-Urrutia, Pedro Rivero, David Desola, Sam Steiner
Elenco: Mary Elizabeth Winstead, Rafe Spall, Lorraine Bracco, Dixie Egerickx, César Domboy, Timothy Spall
Ano de Lançamento: 2024