Nothing Bad Can Happen é exatamente o contrário: tudo de ruim que puder acontecer, com certeza irá… e talvez até pior do que o imaginado. Tore (Julius Feldmeier) é um jovem bem intencionado que participa de um grupo punk-cristão-underground e fica dividido entre viver pelos seus princípios e a hipocrisia de sua comunidade.

Inocente e acreditando no amor, é isso que o jovem quer passar pra frente. Longe dos clichês, Tore é um personagem que é fiel a si mesmo e seu desenvolvimento na trama tem tantas camadas que torna-se impossível não se compadecer de sua missão e sua jornada.Nothing Bad Can Happen | Rotten Tomatoes

De coração puro e enxergando a bondade também nos outros, ele acaba sendo acolhido por uma família que ajudou por acaso. Sua convivência com essas pessoas é posta em prova a cada momento, e parece ser a missão do patriarca Benno (Sascha Alexander Geršak) fazer de tudo para quebrar as crenças de Tore. Seu posto de mentor acolhedor rapidamente vira de cabeça para baixo.

Muitos temas são abordados neste longa alemão, mas temos um padrão de contrastes constantes. Bom e ruim. Inocência e malícia. Bondade e perversão, etc. Tudo isso acompanhando personagens muito claros, palpáveis e revoltantemente realistas. A inocência de Tore e a busca por sua missão de vida de ajudar o outro por Deus, contrapõe com o niilista amargo Benno que vai ao extremo da ruindade para quebrar o espírito do jovem, num objetivo pessoal de provar que não há nada além de abuso e maldade no mundo.

E toda essa maldade começa na dinâmica familiar de pessoas que vivem da aparência da família tradicional, unida e feliz. Os micro abusos se espalham pelo macro, evidenciando uma crítica sóciocultural que traz para obra a classificação de baseada em fatos.

Mesmo se retirarmos o elemento religião, ainda somos pegos com muito desconforto e cenas horrivelmente bem filmadas, planejadas e executadas. Onde o estilo da câmera, as cores e os cenários contribuem ainda mais para trazer uma constante sensação ruim à quem assiste.Review: 'Nothing Bad Can Happen' contradicts itself: It's cruel - Los  Angeles Times

Este é o longa de estreia de Katrin Gebbe que não só aclamado em diversos países na época de seu lançamento em 2013, continua repercutindo e gerando discussões atuais e atemporais. Alegórico e extremo sem parecer forçado demais, o filme é citado constantemente em listas de “mais perturbadores” da história do cinema.

A ambiguidade moral e seus extremos nos faz questionar o quanto não só nossas vidas, mas a dos nossos próximos, também são afetadas por isso. Ainda com reações diversas do público, é um horror da vida real de qualidade artística que merece a atenção de quem o assiste mesmo que pelo menos uma e única vez em vida.

Nothing Bad Can Happen vem gerando desconforto em seus 108 minutos, desde sua estreia em 2013. Dirigido e roteirizado por Katrin Gebbe, é uma ótima pedida pra quem precisa de um empurrão pra marcar a terapia depois de assistir o filme.

Nothing Bad Can Happen (2013) - IMDb

Nome: Nothing Bad Can Happen (tore tanzt)
Direção: Katrin Gebbe
Roteiro: Katrin Gebbe
Elenco: Julius Feldmeier, Sascha Alexander Geršak, Gro Swantje Kohlhof, Annika Kuhl, Daniel Michel
Ano de Lançamento: 2013

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