Um homem (Nicolas Cage) retorna para a praia que frequentava na infância, junto de seu filho para criar novas memórias e estreitar seus laços. Já que o divórcio não foi superado, relembrar seus tempos de surfista parece uma boa idéia. Mas os jovens locais acabam por importuná-los violentamente. Então logo de cara descartamos que a premissa se focará num drama familiar, escolhendo um caminho frenético.

Filmado na Austrália, as paisagens praianas e naturais impressionam por suas cores e beleza de todas as formas. Mas a constante luz e tons abertos não diminuem a repetida tensão provocada pelos surfistas locais. E nosso protagonista agora é um forasteiro, pouco importa que passou sua infância ali. E assim ele é lembrado e excluído o tempo todo de que não pertence.Dishevelled, dehydrated delirium: new Aussie film The Surfer, starring  Nicolas Cage, is an absolute blast

Todas as pessoas da cidade passam a avisá-lo para ir embora. Brigam, xingam, gritam e o tratam mal. Repetidas vezes. Os confrontos gratuitos se repetem tantas e tantas vezes que não só quebram o ritmo da narrativa, como não combinam com a tensão constante. A loucura crescente e frenética se perde, nos deixando com cenas em que Nic Cage precisa sozinho mostrar ao espectador que sua sanidade se foi mas sem de fato explorar os motivos por trás disso. Como o fato de sua ex-esposa está prestes a constituir uma nova família, como seu filho não o considera um pai baca e que ele já não tem mais nada a perder.

A motivação é seu filho, mas pouco vemos o desenvolvimento do desejo desse relacionamento concretizar.  Temos um foco em Cage sendo Cage com maneirismos exagerados, comportamentos estranhos e reações que nos deixam rindo de nervoso. Com um roteiro que tenta ser tudo, tenta muito um caminho quase de fan service por conta seu ator principal. Mas a entrega é tão pouca que até combina com a areia da praia: escapa pelos nossos dedos.

Quase como um sonho lúcido, o filme mistura elementos que não necessariamente se conectam. Também nos desconectando deste personagem obcecado pela exclusão que toma decisões delirantes em prol de um pertencimento que jamais acontecerá. Até que ponto conseguimos como espectadores, torcer para que nosso surfista, apenas desista?The Surfer (2024) - IMDb

A atuação de Cage segue intensa, cheia de uma linguagem corporal típica que nos deixa ansiando por mais. O desgaste do personagem quase nos dá a sensação de o que o próprio Cage está cansado de carregar o exagero embaixo do sol nas costas, então cansamos juntos com ele já que o roteiro não vem com uma grande ajuda.

Com antagonistas irritáveis e uma vibe de seita/culto, nem “o lado de lá” da história parece interessante o suficiente para aumentar a própria tensão, o ritmo frenético ou simplesmente a curiosidade de: pra quê tudo isso? Uma grande batalha de ego masculino entre tantos homens medíocres mal causam repulsa como crítica aqui, e sim, preguiça.

Assistir The Surfer pela atuação tragicômica de Nicolas Cage parece ser a saída, já que o ciclo que de situações repetidas impedem o filme de ter uma qualidade como thriller ou qualquer luta de sobrevivência literal e emocional. O mar em tela é o que mais temos de profundo aqui.

O Filme fez sua estreia em setembro de 2024 e é dirigido por Lorcan Finnegan em parceria com Thomas Martin no roteiro. Não assista esse filme antes de viajar para Austrália.

The Surfer (2024) - IMDb

Nome: The Surfer
Direção: Lorcan Finnegan
Roteiro: Thomas Martin
Elenco: Nicolas Cage, Julian McMahon, Justin Rosniak, Alexander Bertrand, Rahel Romahn, Nicholas Cassim
Ano de Lançamento: 2024

 

 

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